O documento convoca o partido Democratas do Ceará a tomar uma posição firme contra os esforços de anulação do partido nas próximas eleições. Argumenta que uma aliança com o governador Cid Gomes, apoiador da presidente Dilma Rousseff, significaria uma traição aos princípios do partido como força de oposição. Defende que o DEM, junto com outros partidos de oposição, devem apresentar alternativas e fortalecer as forças contrárias à "hegemonia paroquial" no estado.
Comunicado do DEM-CE contra aliança com governador Cid Gomes
1. COMUNICADO À IMPRENSA
O plano tassista e cidista de esfacelamento de toda e qualquer resistência de
oposição no Ceará nos convoca para uma tomada de posição mais firme contra os
esforços sorrateiros de anulação do DEM-Ce nas eleições que se aproximam.
O Ceará inteiro sabe que apesar das adversidades, da escassez de recursos, da
ausência de grandes apoiadores e tendo de enfrentar o poder de compra das
máquinas (Federal, Estadual e Municipal) nosso partido sempre disputou eleições
majoritárias no Estado e atuou com desenvoltura e autonomia em defesa dos
interesses da sociedade. E quantos projetos importantes nós apresentamos nos
embates que travamos: Ronda do Quarteirão; PAI; 1º Emprego para o jovem,
Cursinho da Cidade; Centros Profissionalizantes do Município, Centros de
Cultura e Arte, dentre tantos outros nas áreas da saúde, educação, segurança e
infra-estrutura.
Por mais de uma década cultivamos no partido o convívio com sua militância,
com seus simpatizantes e até mesmo com os nossos adversários. Mas hoje o
partido definha, se omite dos debates e na opinião dos observadores da política
local, o DEM – Ceará tornou-se um partido de fachada, sem expressão política
alguma e sem autonomia para eleger sequer um deputado estadual.
Não foi esse o acordo que firmamos em Brasília quando indicamos o nome de
Chiquinho Feitosa para dirigir o DEM no Ceará em julho de 2009. Portanto, não
podemos consentir que nosso partido seja levado a reboque de um projeto pessoal
que envolve uma mera, inútil e dispensável suplência de senador do Tasso, muito
menos podemos consentir essa aliança adúltera com a base de sustentação da
petista Dilma no Ceará. A hipótese de apoio do DEM ao governador, Cid Gomes,
significa um desserviço e uma traição aos fundamentos que norteiam o nosso
partido como força de oposição nacional e local.
Particularmente não temos nada contra o governador Cid Gomes, nem contra o
senador Tasso Jereissati, muito menos contra Chiquinho Feitosa, mas não
podemos omitir que os interesses pessoais e políticos de cada um diferem
completamente dos interesses coletivos do nosso partido. Portanto, essa
descompostura política não tem sustentação programática e o DEM - Ce não será
em nenhum hipótese refém acabrunhado de um conluio paroquial liderado pelo
PSB, PT, PMDB e submetido a interesses estranhos e difusos do PSDB local, pois
entendemos que a sua anulação nessas eleições significa aprovar esse projeto
inconseqüente e irresponsável de esfacelamento das oposições no Estado.
Ademais qualquer aproximação do nosso partido com o poder é uma ameaça real
2. que mais tarde comprometerá, sem dúvida, o desempenho eleitoral de José Serra
no Ceará.
Nessas eleições, pela sua complexidade e tendência plebiscitária, fica claro que
alguns milhões de votos podem fazer uma tremenda diferença na contagem final.
Fica claro que a autonomia política de um partido como o DEM não pode se
dissociar da sua fundamentação ideológica, dos seus valores, nem das atitudes
dos seus dirigentes, muito menos da interação entre os seus reais objetivos
políticos e o seu posicionamento de coerência frente às instituições do Estado.
Nós sabemos por vivida experiência que, quando um partido é dirigido segundo
os interesses alheios aos seus próprios, seja porque perdeu a sua identidade; seja
porque atua como sigla de aluguel; seja por falta de disposição para disputar
eleições; ou porque falta ao seu presidente compromisso partidário; ou ainda
porque este não quer se indispor com os donos do poder – esse partido
demonstra para a sociedade toda a sua incapacidade de levar adiante até mesmo
o programa que pretende promover.
É certo que estamos dispostos a enfrentar novamente as 3 máquinas, Federal,
Estadual e Municipal e temos consciência de que qualquer sujeição do DEM às
forças políticas que apóiam Dilma refletirá diretamente no desempenho de José
Serra no Ceará. Queiramos ou não, mas devemos reconhecer que o impacto
cognitivo do apoio do PSDB local aos apoiadores de Dilma já causou um estrago
na campanha de José Serra no Ceará. Essa dubiedade é um desserviço à política
local e nacional, e mais ainda à democracia política.
E aqui expomos com clareza o nosso ponto de vista: O Brasil inteiro sabe que
Ciro e Cid Gomes são ferrenhos adversários de José Serra. Sabe também que em
eleições passadas o senador Tasso Jereissati não se empenhou minimante para
fortalecer a campanha de Serra no Ceará. Portanto, pensar que já decidiram os
rumos do Ceará antes mesmo das eleições, é afirmar, equivocadamente, que os
eleitores não são os fins, mas os meios, ou seja, são sujeitos sem autonomia
alguma. Imaginar que o eleitor tem uma imagem fluida e difusa a respeito dos
políticos e dos partidos é um equívoco retumbante de quem se presume
soberano. A crise de identidade política dos lideres da oposição nacional que no
plano local apóiam candidatos do arco de alianças que apóiam Dilma, será
realçada com mais intensidade nas eleições estaduais, permitindo ao eleitor
compreender nitidamente que seu interesse difere completamente dos interesses
de quem manobra essas composições esdrúxulas que visam tão só aparelhar o
Estado para servir a um inconfesso interesse particular de poder.
É perceptível que a decisão do senador Tasso Jereissati de apoiar Cid Gomes
contra a vontade do seu partido não atende a um mínimo compromisso com a
coerência. Tanto é verdade que o presidente do PSDB no Ceará, Marco Penaforte,
classifica a opção do senador como um suicídio político para o partido. Mas
parece que o senador não está minimamente preocupado com a eleição de José
Serra, muito menos com os destinos do Ceará, e pala forma como se posiciona,
deixa transparecer que seu único objetivo é encerrar sua carreira política
desfrutando de uma confortável senatoria, mesmo que seja em sacrifício de boa
parte da bancada do seu partido.
3. Preocupados que estamos com a demolição do DEM e conseqüentemente com o
esfacelamento das oposições no Ceará, e diante da hipótese de Cid Gomes não ter
sequer adversário nas próximas eleições, estamos convencidos de que cabe ao
DEM, ao PPS e possivelmente ao PR, a tarefa de apresentar alternativas para o
governo, para o senado e para os demais cargos proporcionais. É importante que
os partidos de oposição se posicionem com coerência, afinal, nenhum governo,
por mais eficiente e virtuoso que seja, pode prescindir de uma oposição
responsável e consciente.
Para enfrentarmos tamanho desafio precisamos reerguer as forças de oposição e
as pessoas que estejam dispostas a lutar contra essa hegemonia paroquial e mais
ainda contra os riscos reais de retrocessos democráticos ou de uma
venezuelização do Brasil. Juntos (DEM, PPS e possivelmente o PR) teremos o
tempo midiático suficiente para darmos uma valiosa contribuição ao debate
político, tão salutar para a democracia do país e mais ainda para a economia
política do nosso Estado. São esses os caminhos do nosso partido no Ceará para
enfrentarmos de cabeça erguida os adversários do nosso candidato, José Serra,
nos embates políticos que se aproximam.
Saudações democráticas
Ruy Câmara
Vice-presidente
Democratas - Ceará
e
Erivelto de Souza
Secretário Geral
Democratas - Ceará